Zeca estudava na escola pública Marmelândia. O nome deve ter sido por
causa do grande número de alunos que não gostava de estudar. “Só na mamata
veio!!!”, eles diziam... Zeca e seus trinta e quatro colegas de turma estudavam
lá porque seus pais não tinham condições de colocá – los em uma escola particular.
Zeca já havia passado por outras escolas públicas, já havia assinado umas
duzentos ocorrências por indisciplina.
Não sabia acatar ordens de nenhuma espécie, viessem de onde viessem. Se
o professor pedisse para falar baixo, ele achava que tinha o direito de falar
alto e alto falava. Se o professor pedisse que falasse alto. Ele achava que
tinha o direito de falar baixo e baixo falava.
Certo dia foram fazer uma excursão num parque ecológico. A turma dava
muito trabalho, mas o tal do Zeca era atentado mesmo. Debaixo da goiabeira,
onde estava uma placa dizendo: “Favor não apanhar goiabas. Elas pertencem aos
passarinhos”, fez questão de comer e encher os bolsos. De repente, atrás das
moitas de bambu, lá estava aquele pequeno lago azul, limpinho... E a placa:
“Proibido nadar”. O Zeca leu a placa , fez de conta que não leu , desceu as
calças, exibiu o calção verde, subiu em uma árvore próxima e achou o máximo dar
aquele mergulho profundo. Hááááôôôêêêêêêê, ele gritou se exibindo em um salto
mortal, antes de cair na água.
Na mesma hora, a água se tingiu de vermelho... O lago era um criatório
experimental de piranhas (espécie de peixe carnívoro). Os restos mortais do
Zeca foram parar num caixão lacrado. A mãe, inconsolável, repetia, quase
automaticamente, como se dando um próprio consolo: “Coitado! Era tão
INDISCIPLINADO!”
Chicovsky
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